Neste dia, em 1919, era publicado o primeiro artigo de jornal sobre o Padre Pio

A vida de São Pio de Pietrelcina, mais conhecido como Padre Pio, foi marcada por uma impressionante união com Cristo crucificado, manifestada visivelmente através dos estigmas que recebeu em 1918. Durante vários anos, estes sinais permaneceram em relativo silêncio, conhecidos apenas pelos frades do convento de San Giovanni Rotondo e por alguns fiéis locais. Tudo mudou quando a imprensa descobriu o frade estigmatizado e decidiu levar a notícia ao grande público. O primeiro artigo jornalístico sobre ele foi um marco: transformou um simples capuchinho de aldeia numa figura mundial.

O Contexto: Itália após a Primeira Guerra Mundial

O ano era 1919, e a Itália vivia ainda as consequências devastadoras da Primeira Guerra Mundial. O povo estava marcado pela dor, pelas perdas humanas e pela crise económica. Nesse clima de sofrimento, crescia a procura de sinais da presença de Deus.

Foi precisamente neste contexto que começaram a circular rumores de um frade capuchinho em San Giovanni Rotondo, que teria recebido as chagas de Cristo no corpo. A notícia, ainda em surdina, chegou à imprensa.

O Primeiro Artigo Jornalístico

O primeiro jornal a publicar uma notícia sobre Padre Pio foi o “Il Giornale d’Italia”, um dos mais prestigiados diários de Roma na época. O artigo saiu a 9 de maio de 1919, assinado pelo jornalista Luigi Cifrare.

O texto descrevia a pequena localidade de San Giovanni Rotondo e relatava, com espanto, a presença de um frade estigmatizado. O jornalista narrava que Padre Pio, um simples sacerdote capuchinho, apresentava nas mãos, nos pés e no lado do peito feridas semelhantes às de Cristo crucificado.

Tratava-se de um artigo de 15 linhas com o seguinte texto: “Os fenómenos extraordinários que se manifestam na pessoa de um humilde capuchinho são objeto de comentários vivos e interessantes: o padre Pio de Pietrelcina. Ele fez a sua primeira aparição no nosso país rodeado pela auréola da santidade e, desde a sua aparição, as pessoas tinham sinais de grande veneração por ele. A sua vida como penitente, o seu ministério exercido com grande sacrifício, as suas maravilhas fazem do convento um concorrido destino de peregrinação. Muitos e variados são os eventos milagrosos atribuídos ao santo: o espírito profético, o dom da clarividência, a ubiquidade, o êxtase; mas se esses fatos podem limitar o cético, a generalidade admite um fenómeno visível a todos: o fenómeno dos estigmas, aparecido em ambas as mãos, pés e lados. Se, por um lado, há as pessoas pequenas atraídas ao convento para visitar o santo, por outro, há as pessoas instruídas e o clero que guardam uma reserva rigorosa como ato de juízo fidedigno da Igreja”.

Este artigo não era ainda profundamente apologético ou devocional, mas tinha um efeito imediato: abriu ao mundo a realidade da vida extraordinária de Padre Pio e despertou uma avalanche de curiosidade, peregrinações e devoção.

Repercussões Imediatas

Após a publicação do artigo, milhares de fiéis começaram a acorrer a San Giovanni Rotondo. Muitos procuravam ver o frade dos estigmas com os próprios olhos; outros desejavam confessar-se com ele; outros ainda pediam milagres e curas.

A notícia correu rapidamente, sendo retomada por outros jornais italianos e estrangeiros. Em pouco tempo, San Giovanni Rotondo, antes uma aldeia quase desconhecida, tornou-se ponto de peregrinação.

Entre a Fama e a Desconfiança

Se, por um lado, a publicação do primeiro artigo trouxe uma onda de devoção popular, por outro, despertou também o interesse das autoridades eclesiásticas e médicas. A Igreja iniciou investigações para compreender a natureza dos estigmas e avaliar a autenticidade das manifestações. Médicos foram enviados para examinar as chagas, e superiores da Ordem Capuchinha procuraram gerir a situação com prudência.

O próprio Padre Pio reagiu com humildade e sofrimento a essa exposição. Não buscava fama, mas aceitou-a como cruz, oferecendo tudo pela salvação das almas.

O Início de uma História Mundial

Aquele primeiro artigo de jornal de 1919 é considerado o momento em que Padre Pio deixou de ser apenas “o frade do convento” para se tornar uma figura de alcance mundial. A imprensa desempenhou um papel central no processo: sem ela, talvez o seu testemunho tivesse permanecido mais restrito.

Com o passar dos anos, a fama do frade cresceu exponencialmente. A devoção popular, as curas atribuídas à sua intercessão, os testemunhos das suas confissões e as histórias de bilocação e milagres foram amplamente divulgados, consolidando a sua reputação como um dos santos mais amados do século XX.

Conclusão

A publicação do primeiro artigo de jornal sobre Padre Pio em 1919 não foi apenas um acontecimento mediático. Foi, de facto, um momento providencial: num tempo de dor e desespero, Deus permitiu que os estigmas do frade capuchinho fossem conhecidos, para recordar ao mundo que Cristo continua a sofrer com a humanidade e que a santidade é sempre atual.

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