Neste dia… em 1492 era descoberta a placa afixada na cruz onde Cristo foi cruxificado

A Titulus Crucis, uma relíquia venerada pela Igreja Católica, representa um elo tangível com um dos eventos mais sagrados do Cristianismo: a crucificação de Jesus Cristo. Localizado no coração do Vaticano, este artefacto desempenha um papel significativo na história da fé cristã.

Origens e Significado

O termo “Titulus Crucis” refere-se à placa que, de acordo com a tradição cristã, teria sido afixada na cruz de Jesus durante a sua crucificação. O título, escrito em latim, grego e hebraico, todas com direção da direita para a esquerda, indicava a acusação pela qual Ele estava a ser condenado: “Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum“, ou seja, “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”, que também conhecemos como as iniciais “I.N.RI.”

A placa, feita da árvore nogueira, tem 25 x 14 centímetros, 2 centímetros de espessura e pesa 687 grama. Está inscrita de um dos lados em três linhas, a primeira delas praticamente destruída. A segunda utiliza letras gregas e a terceira letras latinas.

História

A história da Titulus Crucis remonta aos primeiros séculos do Cristianismo. A tradição afirma que Helena, mãe do imperador Constantino, descobriu a relíquia durante uma peregrinação à Terra Santa no século IV. Helena desempenhou um papel crucial na identificação e preservação de lugares sagrados associados à vida de Jesus. A Titulus Crucis, então, foi trazida para Roma como uma relíquia preciosa.

Em algum momento antes de 1145, a relíquia foi colocada numa caixa selada pelo cardeal Gherardo Caccianemici dal Orso, criado, em 1124, cardeal-presbítero do título de Santa Cruz de Jerusalém e que se tornaria, em 1144, papa com o nome de Lúcio II. Ela ficou esquecida até 1 de fevereiro de 1492, quando operários que trabalhavam na restauração de um mosaico descobriram-na atrás de um tijolo com a inscrição “Titulus Crucis”.

Localização Atual

Atualmente, a Titulus Crucis repousa na Basílica de Santa Cruz em Jerusalém, uma das igrejas papais no Vaticano. A relíquia é cuidadosamente guardada e exposta para a veneração dos fiéis durante ocasiões especiais. A sua presença na basílica simboliza a conexão única entre a sede da Igreja e as origens sagradas da fé cristã.

Pesquisas e Controvérsias

Ao longo dos séculos, o Titulus Crucis atraiu a atenção de estudiosos e cientistas. Análises e estudos foram realizados para autenticar a relíquia, levando a algumas controvérsias. Em 1997, o autor e historiador alemão Michael Hesemann investigou a relíquia e apresentou-a a sete especialistas em paleografia hebraica, grega e latina. Segundo ele, nenhum dos especialistas encontrou qualquer indício de falsificação antiga ou medieval. Todos eles dataram o objeto entre os séculos I e IV, com a maioria preferindo (e nenhum excluindo) o século I. Hesemann concluiu que é possível que a Titulus Crucis seja de fato uma relíquia autêntica.

Carsten Peter Thiede sugeriu que é provável que a Titulus Crucis seja uma parte genuína da Vera Cruz, escrita por um escriba judeu. Ele cita que a ordem das línguas na placa coincide com o que seria historicamente plausível e não com a ordem revelada nos relatos do Novo Testamento, o que certamente não aconteceria se o objeto fosse uma falsificação.

Conclusão

A Titulus Crucis é mais do que uma peça de madeira entalhada, é um elo tangível com a narrativa central da fé cristã. A sua preservação, veneração e significado transcendem o tempo e as controvérsias científicas. Para os cristãos, a Titulus Crucis é uma relíquia sagrada que continua a inspirar a devoção, reforçar a fé e lembrar a crucificação e ressurreição de Jesus Cristo. Ao repousar no coração do Vaticano, esta inscrição carrega consigo não apenas a história, mas a espiritualidade de uma fé que atravessa os séculos.

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