Hoje recordamos a Beata Maria Clara do Menino Jesus, uma vida dedicada ao serviço e à caridade

A Beata Maria Clara do Menino Jesus, nascida Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque, a 15 de junho de 1843, em Lisboa, é uma das figuras mais notáveis da Igreja Católica em Portugal. Como fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, a sua vida foi marcada por uma dedicação total ao serviço dos mais necessitados, seguindo os ideais de São Francisco de Assis e Santa Clara.

Infância e juventude

Nascida numa família aristocrática, Libânia perdeu os pais muito jovem, o que a levou a viver no Asilo da Ajuda, em Lisboa. A experiência de orfandade e a convivência com as religiosas do asilo moldaram o seu desejo de consagrar-se a Deus e dedicar a vida ao cuidado dos mais vulneráveis.

Desde cedo, Libânia demonstrou uma profunda inclinação para a vida religiosa e para o serviço dos pobres. Em 1867, ingressou no Convento de São Patrício, em Lisboa, onde começou a formação religiosa. Contudo, sentia que a sua missão ia além da clausura e procurava uma forma de servir diretamente os necessitados.

Formação religiosa e missão em França

Em 1869, a jovem Libânia foi enviada a França para ingressar nas Irmãs de Nossa Senhora da Caridade, mas o contexto político e social da época levou-a a procurar outra forma de realizar o desejo de ajudar os mais pobres. Em 1871, foi recebida na Terceira Ordem Regular de São Francisco, em Calais, onde adotou o nome de Maria Clara do Menino Jesus. Foi aqui que encontrou o modelo ideal para a sua vida religiosa: uma ordem dedicada à caridade ativa e ao serviço dos mais necessitados.

De volta a Portugal, com o apoio de D. José Manuel de Lencastre, Bispo de Lisboa, a irmã Maria Clara fundou, em 1871, a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (CONFHIC), uma congregação dedicada ao cuidado dos doentes, órfãos e idosos, além de promover a educação das crianças e o apoio às mulheres marginalizadas.

Fundadora das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição

A nova congregação cresceu rapidamente, estabelecendo lares, hospitais e escolas por todo o país. Maria Clara e as suas irmãs tornaram-se conhecidas pelo trabalho incansável junto aos pobres e necessitados, especialmente durante períodos de grande instabilidade social e política em Portugal, como a Primeira República e as diversas crises económicas e epidemias da época.

Com a fundação da congregação, Maria Clara do Menino Jesus dedicou-se de corpo e alma ao serviço hospitalar e à assistência aos mais vulneráveis. As Irmãs Hospitaleiras seguiram o lema de “Fazer o bem, onde quer que seja possível”, um princípio que continua a orientar a congregação até os dias de hoje. A sua obra estendeu-se a vários países, incluindo Índia, Angola e Moçambique.

Espiritualidade e carisma

O carisma de Maria Clara foi fortemente influenciado pela espiritualidade franciscana, com um profundo sentido de humildade, simplicidade e confiança na Providência Divina. A sua vida foi marcada por uma confiança inabalável em Deus e por um amor profundo pelos mais pobres, que ela considerava como os “prediletos” do Senhor.

Um dos traços mais marcantes da sua personalidade era a humildade e o espírito de sacrifício. Maria Clara insistia que o trabalho das irmãs deveria ser feito de forma discreta e sem ostentação, refletindo a simplicidade franciscana e a devoção à Imaculada Conceição.

Beatificação e legado

Maria Clara do Menino Jesus faleceu a 1 de dezembro de 1899, em Lisboa. A sua causa de beatificação foi aberta em 1995, e ela foi oficialmente beatificada pelo Papa Bento XVI a 21 de maio de 2011, sendo proclamada Beata Maria Clara do Menino Jesus. O reconhecimento da sua santidade é um testemunho do impacto duradouro da sua vida e obra na Igreja e na sociedade.

Atualmente, a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição continua o trabalho iniciado pela Beata Maria Clara, mantendo vivo o seu espírito de serviço, caridade e acolhimento aos mais necessitados.

Conclusão

A Beata Maria Clara do Menino Jesus é um exemplo de santidade viva, uma mulher de fé profunda que encontrou na pobreza, humildade e serviço aos mais vulneráveis o caminho para a santidade. O seu legado continua a inspirar milhares de pessoas ao redor do mundo, lembrando-nos da importância do cuidado aos mais desfavorecidos e da confiança incondicional em Deus.

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