Neste dia, em 1943, Hitler lançava a operação para sequestrar o Papa Pio XII

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Vaticano viveu um dos períodos mais tensos da sua história. Entre rumores, documentos e testemunhos, surgiu a hipótese de que Adolf Hitler teria elaborado um plano secreto para sequestrar o Papa Pio XII, uma operação que ficou conhecida como “Operação Rabat”. Embora ainda envolta em mistério e controvérsia, esta história continua a fascinar historiadores e crentes, mostrando até onde o ódio ideológico podia chegar.

O contexto: Roma sob ameaça

Pio XII, eleito Papa em 1939, assumiu o pontificado poucos meses antes da eclosão da guerra. A Alemanha nazi já mantinha uma relação hostil com a Igreja Católica desde os tempos da encíclica Mit brennender Sorge, publicada em 1937 e condenando o regime de Hitler. Quando, em 1943, as tropas alemãs ocuparam Roma, o Vaticano, embora neutro, ficou em posição extremamente vulnerável, uma pequena cidade cercada por forças hostis, com o Papa no centro de um conflito mundial.

Dentro deste cenário tenso, começaram a circular rumores de que o Führer pretendia prender ou deportar o Papa, com o objetivo de enfraquecer a influência moral e política da Igreja, e também devido à sua postura contra o nazismo e colaboração com os judeus.

As alegações sobre a “Operação Rabat”

Segundo várias investigações modernas, Hitler teria ordenado que se preparasse um plano para capturar Pio XII e talvez forçá-lo a emitir uma declaração favorável ao regime. O nome de código da operação seria “Rabat”.

No dia 13 de setembro de 1943, o general alemão Karl Friedrich Otto Wolff, assistente de Himmler, foi convocado à Toca do Lobo (Wolfsschanze, o quartel-general na Prússia Oriental, onde ocorreria mais tarde a Operação Valquíria).

De acordo com o testemunho posterior de Wolff, Hitler teria-lhe dado diretamente a ordem, mas ele optou por não a cumprir. Em vez disso, teria avisado discretamente o Vaticano, evitando assim uma possível tragédia. Deste modo, no dia 10 de maio de 1944, o militar alemão, teria advertido o Papa das suas intenções. Para que demonstrasse a sua sinceridade, Pio XII pediu a Wolff a libertação de dois condenados à morte, coisa que o ex-general fez a 3 de junho daquele ano.

Livros e investigações recentes, como Quando Hitler quis raptar o Papa do italiano Mario del Ballo, baseiam-se em documentos do Arquivo Secreto do Vaticano e sugerem que o projeto de invasão e rapto do Papa era real e avançado. Há também relatos de que o Vaticano teria considerado, nesse tempo, a hipótese de se transferir temporariamente para um país neutro, possivelmente Portugal, caso o Papa fosse capturado.

Pio XII e a prudência em tempos de guerra

O Papa Pio XII, informado de potenciais ameaças, manteve-se sereno e fiel à sua missão. Evitou gestos que pudessem provocar represálias, preferindo agir pela via diplomática e humanitária, protegendo judeus e perseguidos, muitas vezes de forma discreta, para garantir a eficácia das ações.

Reza a tradição que o próprio Papa teria afirmado que, se fosse sequestrado, renunciaria de imediato ao pontificado, para que a Igreja não ficasse refém de nenhuma potência. A prudência de Pio XII, muitas vezes criticada no pós-guerra, é hoje reavaliada como uma forma de resistência silenciosa, feita de discernimento e coragem.

Conclusão

A chamada “Operação Rabat”, mesmo sem confirmação definitiva, ilustra o clima de medo e violência que dominou a Europa sob o nazismo, e mostra o quanto a figura do Papa era vista como obstáculo à ideologia totalitária.

A coragem de Pio XII, a neutralidade do Vaticano e o respeito que o mundo católico manteve pelo seu líder espiritual, mesmo em tempos sombrios, são testemunhos de fé e de perseverança.

Mais do que um episódio de espionagem e intriga política, esta história recorda-nos que a Igreja, mesmo rodeada de inimigos, permaneceu firme, sustentada na confiança em Deus e na esperança de que a luz vence sempre as trevas.

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