O Primeiro Encontro Mundial das Famílias realizou-se em Roma, de 8 a 9 de outubro de 1994, por iniciativa de São João Paulo II, em colaboração com o Pontifício Conselho para a Família. Este evento histórico nasceu no contexto do Ano Internacional da Família, proclamado pelas Nações Unidas para o mesmo ano, e representou uma forte afirmação da Igreja sobre a centralidade da família na vida cristã e na sociedade.
Contexto e origem
Em 1994, a ONU declarou o Ano Internacional da Família, convidando governos e instituições a refletirem sobre os desafios e necessidades das famílias em todo o mundo.
João Paulo II, atento a essa dimensão, quis dar uma resposta pastoral e espiritual, mostrando que a família é não apenas a célula fundamental da sociedade, mas também o “caminho da Igreja”, como o Papa já havia afirmado na sua exortação apostólica Familiaris Consortio (1981).
Assim nasceu a ideia de realizar um Encontro Mundial das Famílias, aberto a católicos e a todas as pessoas de boa vontade, centrado na oração, na reflexão e no testemunho.
O que é o Encontro Mundial das Famílias
O Encontro Mundial das Famílias é um evento da Igreja Católica, realizado a cada três anos, para celebrar a família e aprofundar temas de fé e família. Iniciou-se em 1994, em Roma, e desde então reúne milhares de famílias, com um congresso teológico-pastoral e celebrações com o Papa.
O último evento foi o X Encontro em junho de 2022, com uma organização multicêntrica e global devido à pandemia. Em 2025, ocorrerá o “Jubileu das Famílias”, em Roma, como parte do Jubileu da Igreja, e o XI Encontro será em 2028, num local ainda por definir.
O programa do encontro
O Primeiro Encontro Mundial das Famílias teve como tema “A família: coração da civilização do amor” e decorreu ao longo de dois dias em Roma, com momentos de grande intensidade espiritual:
- 8 de outubro de 1994
- Celebração de um Congresso Teológico-Pastoral, com especialistas, bispos e líderes de movimentos familiares a refletirem sobre o papel da família na Igreja e na sociedade.
- À tarde, realizou-se uma vigília de oração com o Papa João Paulo II, na qual milhares de famílias partilharam testemunhos sobre a vida matrimonial, a educação dos filhos, as dificuldades e alegrias do quotidiano.
- 9 de outubro de 1994
- Celebração da Santa Missa presidida por João Paulo II na Praça de São Pedro, com a presença de uma multidão de famílias vindas de todo o mundo.
- O Papa reafirmou o papel insubstituível da família cristã, chamando-a “santuário da vida” e “igreja doméstica”.
A mensagem de João Paulo II
Durante o encontro, João Paulo II destacou vários pontos essenciais:
- A família é a primeira escola de fé e de humanidade, onde se aprende a amar, a rezar e a servir.
- O matrimónio entre homem e mulher é um sacramento que reflete o amor de Cristo pela Igreja.
- A família tem um papel decisivo na construção da “civilização do amor”, expressão frequentemente usada pelo Papa.
- É preciso apoiar pastoralmente as famílias que enfrentam dificuldades, sem esquecer as que sofrem devido à pobreza, migração ou separações.
O impacto do encontro
O sucesso do encontro levou João Paulo II a instituir os Encontros Mundiais das Famílias como um evento periódico, organizado de três em três anos (mais tarde de cinco em cinco). Estes encontros tornaram-se uma das grandes marcas do pontificado, envolvendo sempre a presença do Papa e reunindo centenas de milhares de famílias em cada edição.
Desde 1994, os Encontros Mundiais das Famílias já se realizaram em diversas cidades: Rio de Janeiro (1997), Roma (2000), Manila (2003), Valência (2006), Cidade do México (2009), Milão (2012), Filadélfia (2015), Dublin (2018) e Roma novamente em 2022.
Conclusão
O Primeiro Encontro Mundial das Famílias de 1994 foi um marco no compromisso da Igreja Católica com a pastoral familiar. Realizado no Ano Internacional da Família, constituiu uma resposta vigorosa de João Paulo II aos desafios contemporâneos, propondo a família como fundamento da sociedade e caminho privilegiado da Igreja.
Este evento não apenas consolidou a importância da família no ensino da Igreja, mas também lançou um movimento mundial que continua a inspirar milhões de famílias a viver a sua fé em comunhão, amor e esperança.