Neste dia, em 1999, foi aberta a Porta Santa que deu inicio ao Grande Jubileu de 2000

O início do terceiro milénio foi marcado, para a Igreja Católica, por um acontecimento extraordinário: o Grande Jubileu do Ano 2000, convocado pelo Papa São João Paulo II. Este evento foi vivido como um tempo de graça, reconciliação e renovação espiritual, marcando a passagem para uma nova etapa na história da Igreja e da humanidade.

Preparação para o Jubileu

O caminho rumo ao Ano Santo começou muito antes de 2000. João Paulo II dedicou um longo período de preparação espiritual e pastoral, estruturado em três fases:

  • Carta Apostólica Tertio Millennio Adveniente (10 de novembro de 1994): o Papa apresentou as linhas gerais da preparação para o Jubileu, convidando a Igreja a um “triénio” espiritual centrado em cada Pessoa da Santíssima Trindade.
    • 1997: dedicado a Jesus Cristo, aprofundando a fé e a redescoberta do batismo.
    • 1998: dedicado ao Espírito Santo e ao sacramento da Confirmação.
    • 1999: dedicado a Deus Pai, sublinhando o valor do perdão e da reconciliação.

Durante estes anos, foram promovidas missões, catequeses e encontros em todo o mundo, ajudando os fiéis a preparar-se para a grande celebração.

Abertura da Porta Santa

O Jubileu iniciou-se oficialmente em 24 de dezembro de 1999, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, em Roma. Este gesto, repetido depois em São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Extramuros, simbolizou a passagem para um novo tempo de graça e de encontro com Cristo.

Principais eventos do Jubileu

Ao longo de 2000, Roma transformou-se no centro espiritual do mundo. Milhões de peregrinos, vindos dos cinco continentes, acorreram à Cidade Eterna para participar nas celebrações jubilares. Entre os eventos mais significativos, destacam-se:

  • Dia Mundial da Juventude (15–20 de agosto de 2000): mais de 2 milhões de jovens reuniram-se em Roma com João Paulo II, no maior encontro até então da história da JMJ.
  • Celebração Jubilar das Famílias (14–15 de outubro de 2000): sublinhou o papel central da família cristã no novo milénio.
  • Celebração Jubilar dos Catequistas (10 de dezembro de 2000).
  • Celebração Jubilar dos Cientistas e Universitários (múltiplos encontros ao longo do ano).
  • Celebração Jubilar dos Artistas (18 de fevereiro de 2000): realizada na Capela Sistina, retomando a tradição da relação entre fé e arte.
  • Celebração Jubilar dos Sacerdotes (18 de maio de 2000): data escolhida por coincidir com o 80.º aniversário de João Paulo II.

Momentos de grande significado espiritual e histórico

  • 12 de março de 2000 – Dia do Perdão: na Basílica de São Pedro, João Paulo II pediu perdão em nome da Igreja pelos pecados cometidos ao longo da história, incluindo divisões, abusos de poder, injustiças e ofensas contra judeus e outras religiões.
  • 7 de maio de 2000 – Beatificação de Jacinta e Francisco Marto: os dois pastorinhos de Fátima foram beatificados pelo Papa em Fátima, Portugal, num dos momentos mais marcantes do Jubileu.
  • 26 de setembro a 6 de outubro de 2000 – Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Europa, refletindo sobre os desafios do continente no novo milénio.
  • 8 de outubro de 2000 – Consagração do Novo Milénio a Maria: João Paulo II confiou o futuro da humanidade a Nossa Senhora, num ato solene na Praça de São Pedro.
  • 25 de dezembro de 2000 – Encerramento da Porta Santa: o Jubileu concluiu-se com a cerimónia de encerramento da Porta Santa, devolvendo o mundo à sua vida quotidiana, mas renovado pela graça jubilar.

Um Jubileu da Esperança

O Grande Jubileu de 2000 não foi apenas uma celebração simbólica da passagem de século e de milénio. Foi um convite à conversão e à renovação da fé em Cristo, “ontem, hoje e sempre”. João Paulo II quis que este fosse o Jubileu da esperança, onde a humanidade, mesmo marcada por guerras, injustiças e divisões, pudesse encontrar em Cristo a porta aberta para a vida nova.

Conclusão

O Grande Jubileu de 2000 ficará para sempre na memória da Igreja como um tempo único de encontro, reconciliação e celebração. Os milhões de peregrinos, os grandes eventos jubilares e os gestos históricos de João Paulo II mostraram ao mundo que Cristo continua a ser o centro da história e a esperança para o futuro.

O eco deste Jubileu ainda hoje ressoa: cada Porta Santa aberta, cada confissão feita e cada ato de fé vivido nesse ano recorda-nos que a Igreja é chamada a caminhar com confiança para o novo milénio, guiada pela luz de Cristo.

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