Neste dia, em 1641, o Arcebispo de Saragoça reconhecia como autêntico o Milagre de Calanda

Entre os milagres mais impressionantes reconhecidos pela Igreja Católica encontra-se o chamado Milagre de Calanda, ocorrido em Espanha no século XVII, e que ainda hoje é considerado um dos maiores sinais da intercessão de Nossa Senhora do Pilar. Trata-se da restituição milagrosa de uma perna amputada a um jovem camponês chamado Miguel Juan Pellicer, facto comprovado por testemunhas, autoridades civis e eclesiásticas, e que deixou marcas profundas na devoção mariana.

O protagonista do milagre

Miguel Juan Pellicer nasceu em 1617, em Calanda, pequena localidade da província de Aragão. Filho de camponeses simples, aos 20 anos sofreu um grave acidente: caiu de uma carroça, partindo a perna direita. Depois de longos meses de sofrimento e várias tentativas de tratamento, a perna acabou por gangrenar.

Em outubro de 1637, no hospital de Saragoça, a perna foi amputada abaixo do joelho. O jovem passou a sobreviver pedindo esmolas, apoiando-se em muletas, sempre com profunda fé e devoção à Virgem do Pilar, padroeira de Saragoça.

O milagre da noite de 29 de março de 1640

Na noite de 29 de março de 1640, Miguel Juan regressara a Calanda para viver com os pais. Cansado, deitou-se no seu leito, e antes de adormecer ungiu o coto da perna com o azeite da lâmpada votiva de Nossa Senhora do Pilar, gesto que fazia frequentemente em sinal de devoção.

Durante a noite, os pais, ao entrarem no quarto, depararam-se com algo impossível: Miguel Juan dormia profundamente e tinha de novo as duas pernas intactas. A perna direita, amputada três anos antes, havia sido restituída de forma perfeita, com a mesma cicatriz antiga visível junto ao tornozelo que possuíra antes do acidente.

O jovem acordou confuso, mas logo se deu conta do milagre. Toda a vila de Calanda rapidamente tomou conhecimento do acontecimento extraordinário.

Investigação e reconhecimento

O caso foi imediatamente levado às autoridades civis e religiosas. Um processo judicial rigoroso foi instaurado, recolhendo mais de 24 testemunhos oculares, incluindo médicos que haviam realizado a amputação, vizinhos e familiares.

No dia 27 de abril de 1641, o Arcebispo de Saragoça promulgou sentença oficial reconhecendo o milagre como autêntico e atribuído à intercessão de Nossa Senhora do Pilar.

Este é um dos poucos milagres da história da Igreja que foi certificado judicialmente, com registos oficiais preservados até hoje.

Devoção e memória do milagre

Após o milagre, Miguel Juan viveu mais de 40 anos com as duas pernas, testemunhando constantemente a sua experiência. Faleceu em 1647, em Calanda.

O episódio fortaleceu imensamente a devoção a Nossa Senhora do Pilar, que se tornou ainda mais venerada em toda a Espanha e no mundo hispânico. Em Calanda, foi construída uma capela em memória do milagre, e todos os anos, a 29 de março, celebra-se a recordação do prodígio com missa solene e procissões.

Significado espiritual

O Milagre de Calanda não é apenas um prodígio físico inexplicável, mas também um sinal da misericórdia e do poder de Deus atuando por meio da intercessão da Virgem Maria. Recorda-nos que Maria, como Mãe, não abandona os seus filhos nas horas de maior sofrimento e continua a interceder junto de Cristo para o bem da humanidade.

Conclusão

O Milagre de Calanda é um dos milagres mais bem documentados da história cristã e continua a inspirar fé, devoção e confiança na intercessão da Mãe de Deus. É também um testemunho vivo da presença de Maria na história dos povos e um sinal luminoso que aponta para a vitória da vida sobre a dor e a morte.

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